Élan

Rio Miranda-MS



-



Carne,


Cometi agressões físicas no passado
em mulheres, idosos e deficientes do corpo
Torturei os bicos das aves, violei os rituais aos deuses
Trai, menti e fugi. Pratiquei com o diabo a cópula.
Algum tipo de sexo medonho, apodrecido...


E o que há do eu agora?



Humus, em todo as terras que pisem os peś.
Convivi com escorpiões, me tornei um.
Usei drogas telepáticas, estive em águas lunares...


Tudo no rio, sempre no rio. À margem.




"Filho, o leito não dá pé!" 
Disseram meus antepassados.





E agora, o que faço passeando
novamente entre outros?





No todo, não há ruptura. Nado.
Vivo em sonhos e de pé também
Num mesmo livro único, infinito
"No fundo, tudo é o mesmo" ¹




O mesmo texto:



Continuo sonhando com o Rio Miranda.
Com as rãs, as crianças, as senhoras de cem anos...
Com o sorvete e a bexiga amarela que comprei com o troco roubado 
do pão da Dona Mina, minha avó materna. Foi quando tomei o primeiro tapa. Chorei.


Só que em seguida a velha me explicou um caminho à sua maneira
e mostrou esse mesmo Rio Miranda que sonho e só me lembro agora.

Agora, agora
na claridade do quintal lá fora...

Está.






 André Vareiro.















¹ Pessoa em: "O entendimento dos símbolos..." Nota preliminar do livro Mensagem




















-

Nenhum comentário:

Postar um comentário